Congregação

Corria o ano de 1916. Irmã Camila Molinari, residente em São Gonçalo, onde a Congregação das Pequenas Irmã da Divina Providência mantinha um Orfanato, veio esmolar no Rio de Janeiro, como de costume. Providencialmente, bateu à porta da casa de D. Balbina Maria dos Santos, à Rua Itapiru, 115, sendo acolhida carinhosamente, por ela. Durante o encontro, D. Balbina manifesta à Irmã Camila o desejo de doar sua casa, que pertencera a Monsenhor Simeão de Nazaré, seu primo e padrinho, a uma Congregação Religiosa, para nela ser criado um Asilo para meninas pobres.

Irmã Camila, de imediato, consulta os Superiores e aceita a generosa oferta de D. Balbina.

Dia 08 de abril, do ano em curso, 1916, foi passada a escritura de uma parte da propriedade. E no dia 04 de julho, a mesma Irmã Camila e mais quatro órfãs trazidas de São Gonçalo, entravam nesta Casa. A seguir, dia 06, Irmã Felicia Scrochi e mais duas órfãs vinham, também, integrar a comunidade. Reunidas, começaram, então, a preparar a solene inauguração da Obra.

Dava-se o início de uma aventura da Divina Providência, que caminha sempre à nossa frente, abre horizontes que não imaginamos e que, para percebê-la e abraçar Sua Vontade, precisamos estar atentas e disponíveis. Era mesmo necessário ter coragem e ousadia missionária, senão vejamos:

A Casa estava vazia. Careciam de tudo, viviam das ofertas de incontáveis amigos e benfeitores que surgiam, do bairro, da cidade, de toda parte.

Mas, a corajosa Comunidade, aliada à generosidade do povo, tinha, além de uma confiança ilimitada na Divina Providência, disposição inigualável para o trabalho, para a luta e o sacrifício de cada dia. Eram a “mulher forte” do Evangelho. Não economizavam suor e fadiga. Assim, em pouco tempo conseguiram, pelo menos, o indispensável para, com a Liturgia Eucarística, inaugurar o humilde Orfanato “Nossa Senhora de Nazaré”, Esta primeira missa na Capelinha provisória se deu no dia 16 de julho de 1916, sendo celebrante o Revmo. Sr. Cônego Manuel Ribeiro de Avelar.

A seguir, veio a licença para conservar o Santíssimo Sacramento na pequena Capela, dada pelo Exmo. Sr. Cardeal D. Joaquim Arcoverde. O Revmo. Sr. Cônego Manuel Ribeiro de Avelar, foi o primeiro capelão do Orfanato, tendo seguido o andamento da Obra até a sua morte em 06/10/1937.

Em 20 de agosto de 1917, as Irmãs, auxiliadas por inúmeros benfeitores que já conheciam de perto o Orfanato, puderam dar começo à reforma da Capelinha e a 04 de outubro do mesmo ano, a Capelinha estava pronta. Durante todo o tempo da reforma, as Irmãs iam, diariamente, à missa na matriz Nossa Senhora da Salete.

No dia 06 de outubro, do mesmo ano, o Revmo. Sr. Padre Clemente, vigário da Paróquia “Nossa Senhora da Salete”, benzeu a nova Capelinha. No dia seguinte houve missa solene pela manhã e, à tarde, bênção do Santíssimo Sacramento, com participação das Irmãs, alunas e benfeitores, entre estes, D. Balbina, a grande benfeitora, que morou com as Irmãs, até à sua morte.

Em 1918, uma epidemia de gripe assolou a comunidade. Houve o primeiro óbito no Orfanato, uma aluna chamada Nair, faleceu dia 07 de novembro. Nem precisa dizer da consternação das Irmãs e colegas da vítima! Deus seja louvado por mais esta provação, rezaram as Irmãs!

Ainda neste ano, 1917, deu-se início à construção de um pavilhão, cuja parte térrea foi divida por biombos, para as aulas e sala de visitas e, no andar de cima, os dormitórios.

A 13 de fevereiro de 1920, as Irmãs e alunas tiveram a grande alegria de receber a primeira visita de Fundadora da Congregação, Madre Teresa Michel e, no ano seguinte, a visita de São Luiz Orione.

A pedra fundamental do prédio ora existente, foi solenemente colocada em 16 de dezembro de 1923, na presença das Irmãs e abrigadas, de sacerdotes amigos, benfeitores, entre eles, dois que se destacaram na solidariedade às Irmãs e alunas, Dr. Gil D. Goulart e D. Balbina dos Santos, a doadora do imóvel.

A bênção do altar da nova Capela e das demais dependências da Casa, aos 14 de dezembro de 1924, foi oficiada pelo Exmo. Sr. Dom Sebastião Leme de Oliveira Cintra, acolitado pelos Revmos. Cônego Manuel R. de Avelar, Padre Augusto dos Santos Ferreira, Padre Simão Bacelli, vigário da Paróquia e Padre Ângelo De Paula, sacerdote de Dom Orione. Estavam presentes à cerimônia Sua Excia. o Sr. Núncio Apostólico, Dom Bento Aloísio Masella, o Exmo. Sr. Arcebispo Coadjutor, Dom Sebastião da Silveira Cintra, o Sr. Dr. Jardim, Secretário Municipal, o Sr. Vice-Cônsul Italiano, a Provincial das Pequenas Irmãs da Divina Providência, Madre Teresa Acornero, várias Irmãs, alunas e numerosos fiéis.

Em 1930, foram construídos mais dormitórios, salas de aula, a varanda e a casa para o capelão. O pavilhão para as Terceiras Franciscanas, anciãs, uma exigência do contrato de doação, e o muro da frente, foram construídos em 1935, com a ajuda da Prefeitura Municipal.

A 25 de junho de 1941, este Educandário foi decretado de Utilidade Pública, pelo então Presidente da República, Exmo. Sr. Getúlio Vargas.

Ao comemorarmos os 100 anos deste Educandário “Nossa Senhora de Nazaré”, (neste 2016) há uma jubilosa festa no coração de cada pessoa da nossa Comunidade Escolar: Irmãs, Alunos, Professores, Funcionários, Pais dos alunos e Amigos da Casa. Festa de louvor, de adoração e ação de graças à Providência do Pai que “se debruça sobre nós”, “que abre caminhos até em meio ao mar”, e que nos deu Madre Teresa Michel:

“A mulher Eucarística, pão para toda boca, sorriso para toda tristeza”

(A. Pronzato)

Organizado por Irmã Cláudia de Freitas – PIDP

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